Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram – Hebreus 13.7
Como é importante o ministério pastoral em uma igreja. Um pastor é como um presente de Deus para a igreja. Eles são especiais para o desenvolvimento do trabalho de Deus e o apascentamento do rebanho.
O texto acima é um importante alerta, tanto para os pastores, esclarecendo as bases da autoridade pastoral, quanto para os membros das Igrejas, alertando-os para a necessidade de a igreja observar as características que validam esta autoridade.
PASTORES LIDERAM A IGREJA POR VOCAÇÃO
Lembrai-vos dos vossos guias (v.7)
Quem são estes guias? Os que pregaram e pregam a Palavra. Deus mesmo os declara como guias. Vejam que o autor fala de todos os que já pregaram (v.7). No verso 17 aparece a mesma expressão, falando dos que ainda ministram. Deus chama e capacita pessoas para liderarem o seu povo.
Deus sempre se utilizou de pastores para guiar o seu povo. O próprio Deus é chamado na Bíblia de “o pastor de Israel”. Diz-nos o texto bíblico que “o seu arco permanece firme, os seus braços são feitos ativos pelas mãos do poderoso de Jacó, sim pelo Pastor e pela pedra de Israel” (Gn 49.24). No Salmo 23, Davi, tem a visão de Deus como o seu pastor pessoal. Diz ele: “O Senhor é o meu pastor” (v.1). O Senhor Jesus é chamado em João 10 de o bom pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas e as conduz para os pastos verdejantes (v.9).
Algumas vezes estes pastores são os próprios reis de Israel. Deus se utilizava de pessoas em várias funções para pastorear o seu povo. Davi, por exemplo, em Ezequiel 34. 23 é mencionado como um pastor do povo de Deus:
Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.
Ainda hoje Ele escolhe alguns e dá a eles o dom do pastorado. “Pois Deus mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). O texto diz que Deus “concedeu” uns para pastores. Os pastores são presentes de Deus para a igreja. Deus poderia governar o seu povo sem este instrumento humano, mas Ele faz uso de pessoas fracas para governar o seu povo, o seu rebanho.
Deus ainda hoje vocaciona e usa pastores para guiar o seu povo. Chegará o dia em que Jesus reunirá o seu povo em um único rebanho. Ali, já no céu, haverá um só rebanho e um só pastor (Jo 10.16). Durante a história de seu povo, no entanto, Deus se utiliza de homens e mulheres para pastorear o seu rebanho.
Pastores são instituídos por Deus para a igreja, são presentes de Deus para a igreja. Os crentes devem ser guiados, devem ser submissos, devem cuidar dos seus pastores, devem amá-los.
PASTORES GUIAM A IGREJA PELA PALAVRA.
Pregar a Palavra não é a única função pastoral, mas é a mais importante. O texto nos diz que é preciso se lembrar dos que pregaram a Palavra de Deus. A pregação sempre teve um lugar de muita relevância na história da Bíblia e na tradição da igreja. A ordem de Jesus é que preguemos a toda criatura (Mc 16.15). Felipe pregou em Samaria quando para ali desceu (At 8.15); Pedro pregou diante do centurião romano e bradou: “O Senhor nos mandou pregar ao povo” (At 10:42); Paulo foi definido como um pregador pelos atenienses (At 17.18). Ele sabia que este era o seu ministério e que seria um maldito se não pregasse (1 Co 1.17). Segundo Paulo, se não houvesse pregação não haveria salvação (Rm10.14). Aos seus ajudantes, especialmente a Timóteo, ordenou que pregassem a Palavra em qualquer tempo (2 Tm 4.1-6).
Durante a história muitos pregadores se notabilizaram pelo fervor com que faziam o seu trabalho. Ao pregar continuamos o trabalho de homens que, arriscando a própria vida, foram intrépidos na pregação. Justino Mártir, por exemplo, defendeu o Evangelho diante do Imperador com a mesma intrepidez que o fazia diante de sua congregação. Como não fazer menção a Tertuliano, a Irineu, João Crisóstomo, John Wycliffe, Erasmo de Roterdam, Martinho Lutero, João Calvino, John Knox, Richard Baxter, John Wesley, Charles Simeon e a Charles Spurgeon, cognominado de “o Príncipe dos Pregadores”? Todos eles foram excelentes quando se tratava de pregar a Palavra de Deus.
Pregar significa dar continuidade a este modelo escolhido por Deus para semear as suas verdades. Vale a pena então todo esforço para aprimorar este ministério. Paulo orienta que os obreiros devem manejar bem a Palavra da Verdade (2 Tm 2.15).
A igreja é guiada principalmente pela pregação da Palavra, por isto deve ouvi-la, valorizá-la e obedecê-la. Que bom que ainda hoje Deus se utiliza deste recurso.
PASTORES INSPIRAM A IGREJA PELO EXEMPLO
O texto reservou no seu final mais uma lição: os pastores devem viver de tal forma que possam ser imitados. O autor fala do fim da vida dos que já haviam passado por ali. Os guias, os líderes e especialmente os pastores são observados “atentamente”. Os liderados precisam imitar os seus pastores em sua fé e no estilo de vida que adotaram.
Por isso os pastores têm uma responsabilidade maior do que os demais. O juízo para os pastores é maior, nos informa Tiago 3.1. Um pastor que, em vez de se tornar um modelo, se tornar um escândalo, melhor seria que morresse com uma pedra no pescoço no fundo do mar, nos diz Jesus (Lucas 17.1,2). É melhor um pastor morto do que sendo motivo de escândalo.
Pastores não são perfeitos, mas eles devem lutar a vida inteira para serem modelos do rebanho, para guiarem bem sua casa, caso contrário não poderão governar a igreja de Deus (1 Tm 3.4-5). Eles devem buscar uma vida bonita, de consagração, de beleza espiritual. Vejam que o mais importante é a pregação, mas a vida bonita ilustra a pregação. “Observem atentamente”, diz o texto, não desconsiderem isso, levem em conta o estilo de vida dos seus pastores.
Há homens mundanos querendo liderar a igreja de Deus, há lobos ao redor, há ladrões que querem se beneficiar do rebanho. A igreja deve prestar atenção, deve considerar atentamente, especialmente o fim da vida de seus guias.
Algumas igrejas hoje em dia são guiadas por homens adúlteros, alcóolatras, avarentos, efeminados, doentes de alma. A igreja não pode permitir um ministério assim. É preciso considerar atentamente.
O importante não é como começam o ministério, mas como terminam. Alguns vão se perdendo pelo caminho.
Os pastores devem lutar contra seus pecados e inclinações carnais para serem o exemplo; e a igreja deve observar atentamente a vida de fé dos seus pastores.
É dever da igreja fortalecer, e não enfraquecer, as mãos dos ministros de Deus, de honrá-los, de se lembrar deles, de obedecê-los, de orar por eles.
É dever dos pastores exercerem o seu ofício com fidelidade na pregação, com um estilo de vida, não perfeito, pois somos pecadores, mas o mais perto de Deus possível, para serem assim dignos de serem imitados.
Que este texto se cumpra na vida dos pastores e na vida das suas igrejas. Que o pastor seja sempre zeloso com a pregação, e que viva uma vida que busque a santificação, a consagração e uma vida que valha a pena ser imitada. Que os irmãos por sua vez, os tratem com carinho, guardando no coração as palavras que ouvem, que imitem a sua fé e vida cristã.
Pr. Luiz César
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