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Corações sábios

Há algumas virtudes que são curiosas porque devem ser alimentadas por todos nós, mas não podem ser ostentadas em nenhum momento... Por exemplo, não se pode ter “orgulho da humildade”. Nenhum “santo” pode dizer que não tem pecado. E não é sábio se apresentar como sábio! Quando você se sente seguro de que já alcançou alguma dessas marcas (e outras semelhantes), isso significa que você já perdeu...


Mesmo sabendo que podemos pedir sabedoria ao Senhor, e Ele nos dá liberalmente (Tg 1.5), e sendo todos convidados ao banquete da sabedoria e que devemos investir nela tudo o que possuímos (Pv 4.7 ), somos também alertados de que não devemos ser sábios aos nossos próprios olhos (Pv 3.7), e não devemos nos achar sábios neste mundo (1 Co 3.18). Ou seja, um coração sábio deve obrigatoriamente ser combinado com uma atitude humilde: “a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” (Tg 3.17).


Uma reflexão antiga e famosa sobre a obtenção da sabedoria é atribuída a Sócrates. Enquanto os sofistas alardeavam a sua própria sabedoria como troféu para o reconhecimento público e conquista de mais seguidores (como os garimpeiros de seguidores de redes sociais em nosso tempo!!), Sócrates concluiu que ele deveria ser mesmo o mais sábio, uma vez que ele pelo menos, sabia que nada sabia, enquanto outros nem isso sabiam. A questão segue constante e ampla de muitas maneiras e em diversas culturas, até que o apóstolo Paulo nos alerta que quando os homens se entregaram aos seus próprios raciocínios, inculcando-se por sábios, chegaram ao ponto de desprezarem o conhecimento de Deus, e “Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam”(vale a pena reler Romanos 1.18-32).


A sabedoria humana é cheia de perigos. É tolice e loucura. Por isso, precisamos da sabedoria que vem de Deus (Pv. 2.6). Quando o Senhor nos ensina a contar os nossos dias – ou seja, quando observamos o modo como vivemos diante de Deus – então alcançamos um coração sábio (Sl 90.2). Quando estamos em Cristo aprendemos a andar prudentemente, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo (contando os dias!), porquanto os dias sãos maus. (Ef 5.15,16 com Cl 2.2,3)


Essa sabedoria de vida orienta nossa maneira de ver o passado (Ec 7.10), ensina como devemos nos portar para com os que estão de fora (Pv 13.3 e Cl 4.5,6) e ensina a tratar as pessoas de modo adequado, com mansidão de sabedoria (Tg 3.13). Quem encontra sabedoria, acha vida e alcança favor do Senhor (Pv 8.35). E é exatamente a partir do temor do Senhor (Pv 9.10) e do apego à sua Palavra (Sl 19.7) que encontramos as riquezas da sabedoria e do conhecimento de Deus (Rm 11.33).

 

Pr. João Cavalcante

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