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Humildade para aperfeiçoar-se - Êxodo 18. 13-27

Desde a saída do povo de Israel do Egito e no longo caminho pelo deserto, Moisés liderou e cuidou dos israelitas nas mais diversas circunstâncias. Não há dúvida de que o Deus todo-poderoso os guiou e providenciou proteção e alimentação para todos. Grandes foram os feitos de Deus na vida de Moisés e do povo.


É certo que no exercício da liderança temos crises e situações difíceis para lidar e para solucionar. No caso de Moisés, muitas foram às vezes em que o povo murmurou porque não havia comida e água! Mesmo assim, percebemos que havia no seu ministério um grande envolvimento e comprometimento com aquilo que lhe foi confiado por parte do Senhor Deus. Veja, por exemplo, no nosso texto: “No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até ao pôr-do-sol” (v.13). Ele se deixava gastar, suas energias e tempo, para atender as demandas do povo. No entanto, Jetro, seu sogro, observa bem a forma como as coisas estavam acontecendo (vv. 14-18). Ele diz: “Que isto que fazes ao povo? Por que te assentas só... desde a manhã até ao pôr-do-sol?” (14) “Não é bom o que fazes” (v.17). “Sem dúvidas desfalecerás, tanto tu como este povo...” (v.18).


A percepção de Jetro é que, apesar de todo o cuidado sincero de Moisés com o povo que estava sob a sua liderança e todo o seu comprometimento, ele iria chegar a um grande esgotamento físico, mental e espiritual. Por isso, Jetro coloca bem: “...tu só não o podes fazer” (v.18c). Nos questionamentos de Jetro, ele convida Moisés a uma reflexão sincera e humilde sobre a maneira como ele estava desenvolvendo o seu ministério. E como é bom quando temos pessoas amorosas e sábias ao nosso redor para nos fazer enxergar algumas inadequações em nossos procedimentos e condutas que estão impedindo que alcancemos resultados satisfatórios na Obra de Jesus.


Em seguida, Jetro amorosamente oferece ao seu genro, Moisés, um conselho: delegue parte do trabalho para homens capazes, tementes a Deus, leais e honestos para ajudá-lo nesta tão grande obra. No Novo Testamento (Atos 6) quando a igreja cresceu muito, houve a necessidade de se achar homens cheios do Espírito Santo, de fé e de boa reputação para o diaconato, enquanto os apóstolos se dedicavam à Palavra e à oração.


Moisés, o servo de Deus, ouviu o conselho de seu sogro, e este fato demonstra que ele tinha bom senso e humildade. O orgulho facilmente o teria impedido em atentar para esta recomendação, mas ele foi humilde. E atender ao conselho de Jetro livrou Moisés de suas dificuldades e de um possível esgotamento; sem contar do desânimo que poderia abater tanto a ele mesmo como ao povo, que formava longas filas durante todo o dia para ser aconselhado por ele.


Ao seguir a orientação de seu sogro, Moisés aperfeiçoou o seu ministério em algumas áreas. Em primeiro lugar, ele teve oportunidade para priorizar a oração, com intercessão pelo povo que estava sob a sua liderança: “...Representa o povo perante Deus, leva as suas causas a Deus” (v.19). Orar pelas pessoas ajuda e muito na resolução de problemas, ou até mesmo a evitar que eles apareçam. Em segundo lugar, Moisés também teve oportunidade para treinar e discipular mais líderes para cooperar no trabalho. Veja o que diz no verso 20: “ensina-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer”. Quer em público ou em particular, o bom líder deve ajudar as pessoas a aprender o que a Bíblia diz e a aplicar suas verdades às situações diárias.


E, finalmente, Moisés aprendeu a delegar responsabilidades. Jetro aconselhou Moisés a compartilhar o fardo com outros homens, “para que julguem este povo em todo o tempo... e eles levarão a carga contigo” (v. 22). A lição que o líder Moisés deveria aprender era a de não fazer tudo sozinho. Quando trazemos pessoas para cooperar com o trabalho de Deus, damos oportunidade para outros exercerem os seus dons e habilidades e não os privamos. Por outro lado, se fizermos tudo sozinhos, desfalecemos (“Sem dúvida desfalecerás... v.18a) e o desânimo virá sobre você, como líder, e podendo comprometer seus liderados.


Em uma igreja bem ajustada há liberdade para os crentes exercitarem os dons distribuídos pelo Espírito Santo, redundando na cooperação de cada parte do organismo. Isso leva sempre a um fim proveitoso que resulta na edificação em amor e crescimento do Corpo de Cristo.

 


Pr. Gilberto Rodrigues de Melo

Diretor do Departamento Ministerial - ICEB

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