Gisbertus Voetius foi um importante teólogo Holandês do século XVI e conhecido como o primeiro protestante a escrever uma teologia abrangente sobre missões. Voetius frequentemente se referia à natureza da igreja com as expressões “Vocatio et Missio”, expressão que em Latim quer dizer “chamada e enviada”. No pensamento de Voetius todo cristão é chamado para a salvação e enviado para a missão.
Eu acrescentaria que todo cristão, em qualquer idade, é chamado e enviado. Então a resposta para a pergunta do título deste texto é: Sim! Missões é assunto para adolescentes.
Em Deuteronômio 6:6-9 o povo de Deus é orientado a “ensinar/inculcar”, que quer dizer “gravar, imprimir”, nos seus filhos as palavras por Deus ordenadas. No sistema de ensino judaico do primeiro século, todo menino era ensinado em casa pelo seu pai, e o conteúdo do ensino era a Torah, ou, como mais conhecemos, a Lei. As meninas, por sua vez, eram ensinadas por suas mães nos princípios que deveriam seguir. Percebemos o alto valor em ensinar, para todas as faixas etárias, as diretrizes que as Escrituras Sagradas nos dão.
A Grande Comissão (Mt 28.18-20) foi primariamente destinada aos discípulos de Cristo que o acompanhavam momentos antes de ele ser ressurreto e de subir ao céu, porém a mesma comissão é destinada a todos quantos receberam o evangelho que os conduziu à justificação em Cristo Jesus.
Portanto, missões é um assunto essencial a ser trabalhado com os adolescentes, pois tem a ver com a obediência à comissão de Cristo. E, entre outros resultados, essa é uma maneira de o adolescente ter conhecimento dos reais desafios do campo missionário, se envolvendo no que se refere à evangelização e, em alguns casos, até reconhecendo a sua comissão pessoal, se preparando e se tornando um missionário em tempo integral.
Lembro-me bem quando, em minha adolescência, o líder do Departamento de Missões recitava as cartas enviadas pelo missionário que vivia entre o povo Macuxi, no norte do Brasil, e que a Igreja apoiava. Aquelas notícias marcaram a minha memória como, por exemplo, a carta de gratidão a Deus pelo nascimento dos filhos. Hoje este missionário é um grande amigo meu e chegamos a trabalhar juntos em um projeto missionário de curto prazo.
A história das missões nos fala de Hudson Taylor, que nasceu em Yorkshire, na Inglaterra em 1832. De família cristã, seu pai, um pregador metodista leigo, instigava a paixão por missões em sua mente e coração. Ainda com cinco anos, o pequeno Taylor já desejava ser um missionário quando crescesse; e a China, por influência do pai, era seu objeto de curiosidade. Taylor só veio se converter aos 17 anos, quando lia alguns folhetos religiosos de seu pai. Enquanto lia, sentiu uma alegre convicção em seu coração. A partir daquela época começou a se preparar para o serviço missionário. Esse jovem foi responsável pela organização de uma agência missionária, a Missão para o Interior da China, que hoje se chama OMF Internacional. Ele viveu na China por 51 anos e participou do envio de cerca de 800 missionários ao país, o que resultou no começo de 125 escolas e na conversão de cerca de 18.000 pessoas.
Nossas crianças e nossos adolescentes são expostos a uma complexa e alta quantidade de informações em seu processo de aprendizado, na escola ou na vida pessoal. Não podemos limitá-los na igreja, julgando que ainda não estão prontos para os assuntos tratados pela Bíblia.
Compreendendo o texto de Deuteronômio, perceberemos a necessidade de envolver os nossos adolescentes em todas as áreas de atuação na obra de Deus para justificação de pecadores, isto inclui claramente o tema missões.
Parafraseando Voetius, “todo adolescente que foi chamado à salvação deve aprender e se envolver com a missão”.
Lucas 10:2 nos diz para rogar ao Senhor da seara para que mande trabalhadores para sua seara. Esses trabalhadores podem, hoje, fazer parte do grupo de adolescentes das nossas igrejas. Portanto, dediquemos tempo e ensino a eles.
Pr. Anderson S. Oliveira
ICE Setor Sul - Anápolis
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