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O que estamos cantando em nossos Cultos?

Deus rejeita o culto desde a oferta de Caim (Gn 4), porque Ele ouve mais o coração do que as canções dos que cultuam. Deus rejeita música de louvor, veja o que Ele disse através do profeta Amós: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Amós 5.23). Na época do Rei Salomão, um culto impressionante foi prestado ao Senhor em um templo magnificamente construído, havia um coral de músicos esplendoroso herdados do Rei Davi e um número de sacrifícios inigualável, mas apesar disto tudo, Deus disse a Salomão: “Se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei do céu, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Crônicas 7.14). Existe um “Se”, Deus estabelece condições para aceitar o culto. Deus não somente estabelece que só Ele deve ser adorado e só a Ele deve ser dado culto (segundo mandamento), como também Deus estabelece princípios que regulam a forma como o culto a Ele deve ser oferecido. Um exemplo impactante é a morte de Nadabe e Abiú executada por Deus por terem oferecido oferta estranha no altar (Lv 10).


A igreja primitiva dirigida pelos apóstolos de Cristo centralizou sua adoração comunitária em alguns elementos básicos: doutrina, oração, comunhão, cânticos (música), partir do pão (ceia), batismo e ofertas – At 2; Ef 5.19. Os reformadores do século dezesseis trabalharam para estabelecer um culto com a simplicidade da igreja primitiva e seguindo à autoridade dos relatos apostólicos. O testemunho coletivo dos credos reformados nos apresenta o princípio de que cada parte do culto deve estar imposto pela Escritura. A Confissão de fé de Westminster, por exemplo, diz: “... o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo, e é tão limitado pela sua própria vontade revelada, que ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens [...] ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras”.


Diante deste cuidado de sermos bíblicos em cada parte do Culto, incluindo a música, atentemos para algumas observações importantes na seleção de músicas para o louvor no Culto Congregacional:


1. Faça sempre a análise da coerência da letra da música com a mensagem bíblica:

“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Col 3.16-17).


Considerações essenciais:

- As músicas cantadas nos cultos tem a importante função de ensinar;

- As músicas cantadas nos cultos devem se fundamentar somente em princípios bíblicos;

- As músicas cantadas nos cultos devem enfatizar o evangelho de Cristo;

- As músicas cantadas nos cultos não devem enfatizar o que a Bíblia não enfatiza;

- As músicas cantadas nos cultos devem ser centralizadas em Deus e não no homem;

- As músicas cantadas nos cultos devem promover uma adoração a Deus fervorosa.


Erros comuns nas músicas do louvor congregacional:

1. A centralidade do homem em detrimento de Cristo;

2. A busca excessiva pela vitória;

3. A adoração sem a história da salvação;

4. O destaque em palavras que a Bíblia não destaca;

5. O uso excessivo das palavras de comando e gestos.


2. Faça sempre a análise da clareza da mensagem:

“Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada. Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Então, Filipe explicou e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus”. (At 8.31-35)


Considerações essenciais:

- Então, primeiro, as músicas cantadas nos cultos devem ser sempre coerentes com o Evangelho;

- As músicas cantadas nos cultos devem, também, ser claras em sua mensagem;

- As músicas cantadas nos cultos não devem comprometer a clareza em detrimento da beleza poética. Existem músicas biblicamente coerentes, mas poeticamente subjetivas demais para o louvor congregacional. Seu lugar, portanto, será numa apresentação especial. Ou seja, entre ser mais bela poeticamente ou mais clara em sua mensagem, deve-se preferir a clareza na mensagem da música.


3. Faça sempre a análise da acessibilidade musical:

“Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” (Mt 21.15-16)


Considerações essenciais:

- Então, as músicas cantadas nos cultos devem ser sempre coerentes com o Evangelho e devem ser claras em sua mensagem;

- As músicas nos cultos também devem ser musicalmente reproduzíveis pela congregação, ou seja, a igreja, que inclui as crianças, precisa conseguir cantá-las com o Ministério de Música. Então, a altura da tonalidade musical, a simplicidade melódica e a velocidade rítmica, são valores que podem possibilitar a participação da congregação na adoração, ou apenas, forçar a congregação a assistir passivamente;

- Um erro comum, é confundir músicas, que por sua complexidade devem ser apresentadas como músicas especiais, com músicas congregacionais, músicas que toda a igreja pode cantar (crianças, jovens e adultos);


CONCLUSÃO:


A música não é propriedade exclusiva da igreja e como competência criativa dada pela graça comum de Deus aos homens tem valor em si mesma, como arte, não precisa de justificativa. Mas o culto é estabelecido exclusivamente por Deus e tudo o que é inserido nele precisa estar de acordo com aquilo que Deus deseja receber. Assim, a música utilizada no Culto Congregacional não tem licença poética ou liberdade artística para se apresentar, mas precisa estar centralizada na Palavra Revelada de Deus. Então, na hora de escolher as músicas a serem cantadas no louvor congregacional, considere:

1. A Coerência com a Mensagem Bíblica;

2. A Clareza da Mensagem;

3. A Acessibilidade Musical.


Pr. Tiago Leite

Reitor do SETECEB

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