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A centralidade das Escrituras no culto público

Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra” (2Tm 4.1-2).


A maior contribuição que um pastor pode deixar para uma geração é a retomada da pregação expositiva e consistente da Palavra de Deus no culto público. A negligência de um pastor e da sua liderança com a exposição bíblica e sistemática das Escrituras além de caracterizar um grave pecado também prejudicará a saúde espiritual de todo o rebanho do Senhor Jesus. Todo o desígnio de Deus precisa ser anunciado (At 20.27).


O apóstolo Paulo exorta a Timóteo que “pregue a palavra”. Temos duas observações a fazer sobre essa exortação. A primeira é que é uma ordem. O chamado do pastor é para pregar. Deus salva os homens pela loucura da pregação (1Co 1.21). A segunda observação se refere ao conteúdo desta pregação. Não adianta abrir a boca e falar se não falar de acordo com os oráculos de Deus (1Pe 4.11). O pastor precisa pregar a Palavra e não suas ideias ou filosofias seculares e mundanas. É por meio da Palavra de Deus que Ele salva e santifica o Seu povo (Rm 1.16-17; Jo 17.17). Deus nos confiou a Sua Palavra inspirada e útil para ensinar, corrigir, repreender e educar na justiça a fim de que o Seu povo possa se tornar perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16-17).


Não ignoramos as dificuldades de um pastor em se manter firme na vocação a que foi chamado. Não é coisa simples cuidar da família e de tudo mais que envolve o ministério e ainda separar quantidade e qualidade de tempo necessários para o preparo do seu sermão. Entendemos que existem muitas tentações pelo caminho que tiram o foco do homem de Deus, mas é necessário que se ocorra um retorno à centralidade da pregação nos cultos. A igreja primitiva entendeu a convicção dos apóstolos de que, por meio da pregação, Deus santifica Sua igreja. Deus não somente chama a igreja à existência por meio da Sua Palavra (1Pe 1.23,25; Rm 10.14,15), mas a faz crescer por meio dela (Cl 1.28,29). A ênfase na pregação continuou no segundo século. Justino Mártir descreve, em Primeira Apologia, o “louvor semanal dos cristãos”, ele diz: “No dia chamado domingo, todos que vivem em cidades ou no interior se reúnem em um lugar, e as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos, tanto quanto o tempo permitir; depois quando o leitor termina, o presidente verbalmente instrui e exorta à imitação dessas coisas boas”. A reforma protestante trouxe de volta a pregação a um lugar de proeminência na adoração da igreja. Martinho Lutero revelou seu alto conceito das Escrituras e da pregação quando declarou: “Desde que a saúde do cristão e da igreja depende da Palavra de Deus, a pregação e o ensino da mesma são tanto a parte mais importante do serviço divino como o mais elevado e único dever e obrigação de todo bispo, pastor e pregador”[1].


Somente a Escritura deve nortear as nossas vidas e a igreja do Senhor Jesus. Amado pastor, oro para que nossos corações ardam de desejo por conhecer e aplicar a Palavra de Deus em nossas próprias vidas, caso contrário, as ovelhas que nos foram confiadas pelo grande Pastor, o Senhor Jesus, sofrerão por falta de comida ou procurarão elas mesmas pastos mais verdejantes.


Pr Eduardo Bittencourt

ICE Brasília

[1] Stott, John R.W. Between Two Words – The Art of Preaching in the Twentieth Century. Grand Rapids, Michigan: William Eerdmans Publishing Company, 1999, p.24.

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