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TOLERANTES SIM, MAS NEM SEMPRE!

Atualizado: 25 de mai. de 2020

O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada- João Calvino.

Somos desafiados pela Palavra de Deus a ser tolerantes com os irmãos mais fracos na fé; estes devem ser acolhidos (Rm 14.1). As crianças não devem encontrar em nós empecilho algum para se aproximarem de Jesus (Mt 19.14). Os novos na fé devem ser recebidos como irmãos, pois é isso o que eles são (Fm 16). O coração do servo de Deus é dilatado para amar muito (2 Co 6.13). Devemos ser conhecidos pelo nosso amor uns para com os outros (Jo 13.34-35).


No entanto, também temos ordem bíblica para sermos intolerantes. Devemos nos afastar de quem promove divisões e escândalos, andando em desacordo com a sã doutrina (Rm 16. 17); devemos fechar as portas de nossa casa e de nossa igreja para quem anda em desacordo com esta mesma sã doutrina (2 Jo 10); devemos fazer calar os insubordinados, os frívolos de palavras e os enganadores (Tt 1.11); devemos resistir aos que se equivocam em algum pressuposto bíblico, a exemplo do que Paulo fez diante da falha de Pedro (Gl 2.11); os contenciosos devem ser advertidos (1 Co 11.16; Tt 3.9).


O Senhor Jesus molda as nossas mentes neste sentido. Ele foi bondoso, generoso, acolhedor e misericordioso; mas, Ele foi também intolerante com os escribas, fariseus e saduceus. Ele condenou veementemente a ostentação deles, pois faziam todas as coisas para serem vistos pelos homens (Mt 23.5); Ele condenou a vontade daqueles homens de ocuparem os primeiros lugares nos banquetes e festas (Mt 23.6-12); Jesus condenou o autoritarismo dos escribas e fariseus em fazer com que as pessoas trabalhassem para eles e não para ganhar a vida eterna (Mt 23.13,14); Jesus condenou a má interpretação que estes faziam da lei para benefício próprio (Mt 23.16-22); Ele atacava com força o legalismo destes que se preocupavam com os detalhes da lei, mas não com a sua essência (Mt 23.23-24); Jesus condenava a hipocrisia dessa gente que cuidava apenas do exterior, mas internamente eram podres como um túmulo (Mt 23.25-27); Ele os condenava por aplaudirem os profetas e antepassados e os matarem ao mesmo tempo (Mt 23.29-30). Jesus também foi intolerante com gente que fazia comércio na casa de Deus (Jo 2.13-17).


Talvez possamos nos entender com menos autoridade do que Jesus para reagir da mesma forma diante dos homens, e assim termos um salvo conduto para sermos mais tolerantes. Não nos esqueçamos, porém, que Ele nos deu de sua autoridade ao nos enviar ao mundo (Mt 28.18). Em Apocalipse 2.20 temos a seguinte mensagem: Tenho, porém, contra ti que toleras essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Para a igreja de Pérgamo Ele assegura que está contra ela por causa da tolerância daquela igreja com os que sustentavam a doutrina de Balaão (Ap 2.14).



Que duras palavras estas do Senhor Jesus. Será que Ele falaria o mesmo para igrejas e pastores hereges e falsos líderes de hoje? Com certeza Ele faria isso. Ele é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente (Hb 13.8).


Há muita tolerância na Escritura Sagrada, mas ela tem os seus limites nela mesma. Há uma linha que podemos ultrapassar com o objetivo de alcançar os demais, para protegê-los e até para demovê-los do seu erro. Os que trabalham para convencer do erro e buscar no irmão o arrependimento de seu pecado têm os louvores do Senhor (Tg 5.19-20).


Sim, a tolerância não é ilimitada. Por amor ao Senhor, à sua Palavra e à sua igreja temos ordem para sermos corajosos para disciplinar, para nos afastarmos, para fecharmos as portas, para mandarmos embora (1Co 5.2) e consideramos o impenitente como um gentio e publicano (Mt 18.17).


Geralmente quem prega sobre uma tolerância plena e indiscriminada já está longe, ele mesmo, da sã doutrina. Igrejas tolerantes ao extremo, que não disciplinam, que não advertem, que não fazem distinção, que abraçam a todos, que são inclusivistas ao máximo, já não podem ser chamadas de igreja de Cristo.


Paulo diz a Timóteo que o Senhor não deu aos seus ministros espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação (2Tm 1.7). O poder em excesso torna um homem tirano, a moderação, tão somente, pode fazer dele um fraco. É necessário o equilíbrio, e este está marcado pelo amor. Somente um coração amoroso exerce o poder, a força, até para disciplinar, para livrar as pessoas do erro; e este mesmo amor age para que não sejamos fracos e indolentes.


Paulo, ainda no mesmo sentido, nos ensina mais uma vez: Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos (1 Ts 5.14).


Devemos ser tolerantes, mas não devemos permitir que a nossa tolerância seja uma covardia. Que Deus nos ajude.

 

Pr. Luiz César N. Araújo

Presidente da ICEB

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